5,5 milhões de quilómetros quadrados divididos por nove países, a maior parte no Brasil. A floresta abriga quase 25% de todas as espécies de seres vivos da Terra. É a maior bacia hidrográfica do mundo: o rio Amazonas despeja no mar 17 biliões de toneladas de água por dia – o que corresponde a 20% de todo o volume de água doce que chega aos oceanos em todo o mundo.
A cada dia, a floresta coloca na atmosfera uma quantidade de vapor de água que influencia diretamente o clima e garante as chuvas para 70% do PIB da América do Sul. Estoca entre 80% e 120 biliões de toneladas de carbono.» Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazónia (INPA), mas de nada valem se nos limitarmos a postar nas redes sociais os fogos na Amazónia. A situação é gravíssima para ser apenas mais uma «moda viral» no Instagram.
Neste caso específico, por incrível que pareça face à dimensão de tudo o que ardeu, há mais ganância, apedeutismo e capitalismo do que fogo. Os conservadores culpam o presidente Jair Bolsonaro pelos incêndios na Amazónia – afirmam que terá incentivado construtores e agricultores a queimar a vegetação para «despejar» a terra. Bolsonaro defende que as organizações não governamentais (ONG) têm a intenção de prejudicar o seu governo e que podem ser responsáveis pelos incêndios florestais.
Neste jogo do empurra – e apesar de ser factual que a Amazónia tem sofrido perdas a um ritmo vertiginoso desde que Bolsonaro assumiu a presidência – devemos, parece-me, perceber como podemos ajudar e mudar de vez a nossa atitude perante o meio ambiente. Repensar a forma e o que comemos; ser menos consumistas – quanto mais roupas, tecnologias… comprarmos, pior; boicotar as empresas que destroem o meio ambiente; assinar petições de apoio aos povos indígenas que protegem cerca de 80% da biodiversidade do planeta. E começar pelo mais simples a cada um de nós: reduzir, reciclar e reutilizar.
Acredito que a intervenção de cada ser humano deve passar mais pelo que não faz pelo meio ambiente. É que todos sabemos dos riscos de um colapso climático e tendemos a descartar responsabilidades por pensar que nada acontecerá enquanto formos vivos. Esquecemo-nos de que este é o nosso planeta! Esquecemo-nos de que estamos a desrespeitar e a comprometer o futuro dos nossos filhos.
Este é um editorial que não queria ter escrito, mas que se tornou obrigatório. O mundo tal como o conhecemos e como lhe temos vindo a mostrar ao longo deste 25 anos está em perigo. E não é pelo fogo, é pelo capitalismo.
Esta edição da Volta ao Mundo é dedicada ao povo brasileiro, sobretudo aos povos indígenas da Amazónia.
Percorra a fotogaleria acima para conhecer alguns dos destaques desta edição.