Bali está seriamente a ponderar estabelecer um teto anual de entradas de estrangeiros. Para que quem a visita queira mesmo visitá-la. E não está em causa o excesso de gente. Apenas os excessos das gentes…
Uma russa fotografou-se nua nas raízes de uma árvore de 700 anos sagrada para os hindus balineses.
Um turista motorizado de nacionalidade não especificada desatou aos berros com o agente da autoridade que o impedia de passar por uma rua fechada porque ali decorria um ritual vedado ao trânsito.
Um grupo de 17 estrangeiros apresentou uma queixa às autoridades da ordem pública porque os galos do vizinho do alojamento local que escolheram em Kuta acordaram com o sol.
Um russo fotografou-se com as calças caídas nos tornozelos no Monte Agung, sagrado também. Isto para não falar do lixo acumulado e do trânsito caótico.
E uma cidadã balinesa reagiu assim: “Achas que ficas gira a tirar fotografias nua nas nossas árvores sagradas? Regressa ao teu país se não consegues respeitar a nossa tradição e a nossa cultura”.
Era válido para a instagramer e para os restantes, que não se contentam com ter comportamentos menos adequados e fazem gala deles nas redes sociais. Foram deportados. Eles e quase cem turistas nos primeiros meses do ano, alguns por tentarem arranjar emprego para pagar as férias, o que é ilegal à luz do visto de turista. E Bali está começar a cansar-se.
Segundo a imprensa local, reportada pelo Lonely Planet, o Governo regional anunciou a intenção de impor quotas de entrada e, eventualmente, exigir à entrada a prova da posse de meios necessários para garantir a estadia, para assegurar um turismo de maior qualidade. Mas sem exageros. A ilha de 4,3 milhões de habitantes acolheu 6,3 milhões de turistas em 2019. Calcula-se que a ânsia de viajar (e a guerra na Ucrânia e consequente vaga de falso turismo russo e ucraniano) aumentou esses números. E o governador local, Wayan Koster, sabe que Bali depende do turismo e construiu capacidade para muita gente. “Por exemplo, poderá considerar-se um limte de sete milhões de pessoas respeitando determinados critérios”. A ver vamos.
