Um panamá contra o sol e uma toalha debaixo do braço contra o abuso: os habitantes de várias ilhas gregas criaram um movimento pelo direito à praia.
Chamaram-lhe “Towel Movement” e com ele querem retomar o espaço tomado pelos concessionários das praias, alguns dos quais chegam a vedar o acesso público aos areais.
Num país onde as praias são todas públicas, mas arrendam parcelas a bares e restaurantes para espalharem espreguiçadeiras e guarda-sóis. O mal, reclamam os ativistas, é que se vão esticando nas áreas, mesmo em praias protegidas, acabando por ter cadeiras até à rebentação. E cobram até 120 euros por um poiso à sombra, por vezes fechando aparcamentos públicos a quem não for cliente.
O resultado é a total ausência de espaço para qualquer pessoa que não queira pagar poder estender uma simples toalha de praia.
O movimento teve honras de notícia quando chegou aos areais da ilha de Paros. Armados de toalhas e cartazes pedindo o direito às suas praias, invadiram areais, atravessando áreas concessionadas. Fizeram barulho, num protesto em vídeo documentado pelo grupo Save Paros.

“Nalguns casos, cobriram 100% da praia. Sentimos que estamos a ser expulsos da ilha”, justificou o residente Nicolas Stephanou ao jornal The New York Times.
Na petição online entretanto lançada, os cidadãos de Paros expõem os seus argumentos: “Reivindicamos o nosso direito ao espaço público, o nosso direito a desfrutar das nossas praias que são invadidas por empresários gananciosos e socialmente irresponsáveis, que ocupam as praias na sua totalidade ou excedem os seus limites em até 100 vezes a área que arrendam legalmente”.
Os protestos não se limitam a Paros. Naxos, Mykonos, Creta, Rhodes e Santorini também os têm e multiplicam-se os grupos de cidadãos descontentes nas redes sociais.
O grupo Save The Beaches of Naxos Now alimenta uma página de Facebook onde são publicadas fotografias sugestivas de praias completamente tomadas por cadeiras e sombras.
A campanha já começou a surtir efeito, com concessionários a recuar nas áreas e a retirar mobiliário de algumas praias. O autarca de Paros prometeu lutar contra os abusos e o ministro das Finanças assegurou que iria haver fiscalização.