Um avião passa pelo Burj Khalifa, no Dubai (Giuseppe Cacace / AFP)

Aviões maiores, menos voos por rota, mais turismo e menos viagens de negócios, menos pessoal e mais atrasos. Este é o retrato da aviação pós-pandémica.

Um Airbus A320 da Air Asia a chegar ao Aeroporto Internacional Ninoy Aquino, em Manila, Filipinas (Ted Aljibe / AFP)

O número de voos efetuados em 2022 diminui 11% face ao ano anterior à pandemia, 2019, mas o número de lugares por avião subiu 4%, o que resulta da preocupação das companhias aéreas em rentabilizar um setor particularmente afetado pela covid-19 e pelas consequências da guerra na Ucrânia. Entenda-se a perda de mercado, a perda de trabalhadores e o aumento da inflação – que faz subir os preços dos combustíveis e das próprias operações.

As conclusões são da consultora Oliver Wyman e constam da Airline Economic Analysis 2022-2023, segundo a qual o aumento das viagens em lazer ainda não compensou a quebra em cerca de 30% das viagens de negócios. E este é um resultado claro da pandemia: o incremento do trabalho à distância e das tecnologias para suportá-lo tornaram dispensáveis muitas reuniões presenciais, resultando na redução de custos e na economia de tempo para as empresas.

O aumento da oferta de destinos de lazer em que os passageiros estão dispostos a pagar bilhetes de primeira classe e a suportar tarifas mais elevadas permitiu melhorar o desempenho económico das companhias aéreas. A opção por voos sem escalas e a redução dos tempos de ligação ajudou na eficiência, reduzindo os tempos de viagem em 5%.

A maioria das empresas voltou a registar lucros em 2022, com um “aumento de 64 % nas receitas globais de passageiros por quilómetro no ano passado, em comparação com os dados de 2021”. Isto apesar de o tráfego diário global de passageiros nos aeroportos continuar 32% abaixo dos níveis de 2019, uma diferença que se reduz para 22% na Europa e 8% nos EUA.

De acordo com a análise, esta recuperação acabou por gerar dificuldades na resposta, designadamente a fluidez nas filas de check-in e segurança e na recolha de bagagem, mormente devido à falta de pessoal.

E esse parece ser um problema que se vai prolongar, dada a necessidade de formação longa para a maioria dos postos do setor, incluindo pilotos e mecânicos.

As dificuldades de recrutamento devidas à crise, a morosidade dos processos e o elevado número de funcionários inexperientes e, portanto, menos produtivos, conjugam-se para gerar constrangimentos nas operações em terra.

A face mais visível destes constrangimentos é o atraso das operações: em 2022, a taxa de partidas a tempo (contabilizando os 15 minutos de cortesia) diminuiu seis pontos percentuais face aos 76% de 2019. E isto apesar de ter havido menos 19% de voos.

 

 

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