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Há 9 anos, a Volta ao Mundo reuniu o Governo Sombra em Berlim

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A Volta ao Mundo juntou-se à TSF para uma viagem ao centro do poder europeu: a Alemanha de Merkel. João Miguel Tavares, Pedro Mexia e Ricardo Araújo Pereira foram convocados por Carlos Vaz Marques para uma emissão histórica do programa Governo Sombra, a partir de uma cervejaria em Berlim. Foi há nove anos, com direito a pequeno-almoço no Reichstag, passeios de Trabant por ambos os lados do muro, visitas a museus e livrarias e muita e boa conversa. Recorde agora essa aventura em Berlim.

Texto de Ricardo Santos
Fotografia de Reinaldo Rodrigues / Global Imagens

A torre do relógio, com luzes vermelhas e verdes apagadas, foi o primeiro semáforo de Berlim. Já não funciona esta lembrança da década de 1930, mas continua presente no centro da Potsdamerplatz, uma das mais concorridas áreas da cidade. Rodeiam-na os recentes semáforos, uma estação de metro central e alguns dos edifícios mais altos da capital alemã. Carlos, João, Pedro e Ricardo olham para o alto e para todos os lados. Ali está o Sony Center, a sede da DB, caminhos-de-ferro alemães, e meia dúzia de fatias do Muro de Berlim, a imagem de marca da cidade.

Carlos Vaz Marques aproveita o momento para tirar fotografias no seu telemóvel de última geração. João Miguel Tavares franze os olhos e ajeita os óculos para ver melhor o que resta da construção que durante pouco mais de 28 anos (de 13 de Agosto de 1961 a 9 de Novembro de 1989) dividiu Berlim entre «bons» e «maus». Pedro Mexia contempla em silêncio o expoente máximo da Guerra Fria. Os seus olhos não dizem mais, escondidos atrás dos óculos escuros. Ricardo Araújo Pereira, do alto do sobretudo apertado até ao pescoço, não comenta. Apenas tosse. Está constipado.

Já andámos mais meio quilómetro em direcção à Porta de Brandeburgo e do outro lado da rua começa o Memorial do Holocausto, de seu nome completo Memorial aos Judeus Assassinados na Europa. Da autoria do arquitecto norte-americano Peter Eisenman, são 19 mil metros quadrados ao ar livre, cobertos com 2711 blocos de cimento que formam corredores labirínticos e desnivelados. Neste lado da estrada, no jardim Tiergarten, o monumento aos homossexuais perseguidos chama a atenção de Ricardo, distinguido em 2009 com o Prémio Arco-Íris, da Associação ILGA Portugal, pela sua postura contra a discriminação sexual.

Helena Araújo estica o passo, não se quer atrasar para o pequeno-almoço no Parlamento alemão. Amiga de uma amiga de Carlos Vaz Marques, portuguesa em Berlim há vinte anos, é ela a cicerone para os dias que se seguem. O seu lado alemão está bem presente na forma como encaminha rapidamente o grupo para o acesso ao centro de poder da Alemanha. A reserva para o restaurante Kaefer, no topo do edifício do Reichstag, junto à cúpula idealizada pelo arquitecto Norman Foster, estava feita desde o dia anterior. Para visitar este edifício ou simplesmente aceder a um pequeno-almoço único, só mesmo com reserva. Afinal, é o parlamento mais visitado do mundo, com três milhões de pessoas por ano a escolhê-lo como atracção turística.

A mesa está colocada ao sol, na esplanada de onde se confirma que Berlim é uma cidade plana. Pedro Mexia senta-se junto ao vidro que separa o restaurante do varandim. João Miguel Tavares está à sua frente e, ao lado deste, Carlos Vaz Marques olha directamente para Ricardo Araújo Pereira. Estão reunidas as condições para o Governo Sombra dar início a um pequeno-almoço onde não faltam ovos mexidos, tostas, salmão, sumos naturais, pão ou doces. O tema central de conversa começa por ser o Benfica, mas a conversa deriva rapidamente para as compras efectuadas na tarde anterior – livros, muitos livros – e para o absurdo: «O cabelo de Pedro Passos Coelho é muito fininho», lança João Miguel Tavares. Não é a primeira vez que visita Berlim. «Conhecia apenas o percurso entre o festival de cinema e a Alexanderplatz, onde era o hotel. É impressionante o que a cidade mudou desde a última vez que cá vim e continua a surpreender-me em relação aos preços: é surpreendentemente barata.» Ponto negativo, apenas «a falta de restaurantes onde se possa pagar com o cartão. É inacreditável. E a falta de caixas multibanco pela cidade.»

À mesa do pequeno-almoço abrem-se as hostilidades saudáveis entre os quatro. Seguem-se comentários sobre Barack Obama, Fernando Nobre e, claro, José Sócrates. Já passam vinte minutos das onze da manhã quando é dado o sinal de partida para a visita à cúpula envidraçada do Reichstag. Uma exposição acerca da história do edifício preenche o espaço que serve de base a este marco da cidade. Os bigodes de alguns políticos que surgem nas fotografias a preto e branco são motivo para mais uma dose considerável de bom humor.

À saída, a organização alemã volta a dar sinais. «Por favor, mantenham-se à direita», informa com veemência o zeloso funcionário quando sente os quatro elementos do Governo Sombra a transgredirem a linha imaginária que divide quem sai e quem entra no Reichstag. São trinta segundos de caos, para um alemão. Para os portugueses foi apenas um desvio para tirar a melhor fotografia. Passamos pela enorme área verde em frente ao Parlamento alemão e suas bandeiras nacionais.

Continuamos junto ao rio Spree, que passa pelo centro de Berlim, pelo Reichstag, pela catedral e pela Ilha dos Museus. No refeitório dos deputados do Parlamento alemão há gente a almoçar, com vista para o cais onde estão marcadas, com cruzes brancas, as identidades de quem ali morreu a tentar passar para o outro lado, para a outra Alemanha, a ocidental.

Alexanderplatz não fica longe, a uns rápidos 15 minutos a pé, e é a construção que se localiza junto a esta praça que domina toda a cidade. A Fernsehturm (Torre da Televisão) foi um marco da República Democrática Alemã e do regime, pela sua altura (368 metros) e demonstração de poderio. Do lado da República Federal da Alemanha, tinha um apelido especial graças a uma coincidência da natureza. Chamavam-lhe «A Vingança de São Pedro», pois quando o sol incide sobre a superfície esférica, fica ali marcada uma gigantesca cruz.

Ainda lá iremos, mas não para a subir, apesar de ser possível fazê-lo todos os dias até à meia-noite, por 11 euros. Para já, mantemo-nos junto ao Spree, na lateral do Reichstag, para mais um momento de descontracção. É aqui que encontramos a Constituição da Alemanha em painéis de vidro transparente. O artigo 5.º, o da Liberdade de Expressão, é o que suscita mais atenção. Carlos, João, Pedro e Ricardo aproximam-se dele, escolhem-no como cenário de um momento para mais tarde recordar – «Não haverá censura». Com eles, isso é certo. Quatro painéis para a esquerda, está o artigo 1.º: «A dignidade humana é inviolável.» «Ah», lança Ricardo Araújo Pereira naquela que é uma das suas reconhecidas tiradas, «podiam ter-se lembrado disso antes…» Seguem-se piadas irreproduzíveis num órgão de comunicação social com algum pudor.

Ricardo é quase virgem em visitas a Berlim, tirando aquela vez em que acompanhou o Benfica num jogo da Liga Europa contra o Hertha – «São daquelas viagens de vir num dia e voltar no outro. E agora foi para ver a sério, gostei imenso. É impressionante. São duas capitais numa.

São centenas de museus, é incrível.» O passado foi outra das mais-valias apontadas por Ricardo: «O que gostei mais talvez tenha sido o facto de deixarem a ferida à vista. Está cicatrizada, mas está a vista. O muro está lá, o memorial do Holocausto está lá. Não querem esconder a ferida.»

A Porta de Brandeburgo é o próximo ponto de paragem. Artistas de hip hop, indivíduos vestidos de Darth Vader, de Rato Mickey ou de soldados da RDA aguardam pelos turistas que com eles se queiram fotografar. E há muitos que o fazem. Carlos, João, Pedro e Ricardo posam com o jornal Das Parlament (o órgão interno do Reichstag) em primeiro plano. Atrás, o monumento encimado pela épica quadriga comandada pela deusa romana Victoria.

Ao lado, a embaixada dos EUA e o Hotel Adlon, o mais carismático de Berlim, poiso de estrelas de todos os quadrantes, da política à música e ao cinema. Dali parte a Unter den Linden («por baixo das tílias», numa tradução livre), uma das mais impressionantes avenidas de Berlim. É por ela que caminhamos até à Museumsinsel, o enclave cultural preferido do Governo Sombra numa cidade com mais de 170 museus e galerias. Munidos dos seus passes de três dias consecutivos (a 19 euros cada, com entrada garantida em cerca de sessenta museus), os quatro elementos do programa da TSF dedicam-se então à descoberta do Museu Antigo – o mais velho de Berlim, a funcionar desde 1830 – e da Galeria Nacional Antiga, onde se encontra uma importante colecção de pintura do século xix. Pedro Mexia ficou com sentimentos contraditórios: «Estivemos num museu de que gostei muito e outro de que não gostei especialmente. Um [o Museu Antigo] tem uma colecção de arte grega, romana e etrusca e esse é bastante forte. E depois há um museu de arte alemã [Galeria Nacional Antiga], cujo director o encheu de arte francesa e foi despedido. E vendo a arte alemã percebe-se a opção dele: tirando duas ou três coisas do romantismo, não é uma coisa fascinante. Gostei de ver o Caspar David Friedrich, grande pintor romântico que salvou a honra da pintura alemã.»

Outra história, bem mais recente, é a que conta o DDR Museum, na mesma área, um misto do filme Goodbye Lenin! com o que restou de quarenta anos de quotidiano na RDA. A funcionar desde Julho de 2006, convida quem chega a experimentar o dia-a-dia dos racionamentos, do vestuário ou da televisão no outro lado do Muro. E não faltam os Trabant, os famosos automóveis da antiga Alemanha de Leste. Mas quanto a esses chaços, estava preparada outra surpresa para o Governo Sombra.

Às 16h00 no Checkpoint Charlie. Aquilo que, noutros tempos, poderia ser o início de uma aventura perigosa, foi o ponto de partida para uma tarde de emoções fortes ao volante. A uma centena de metros do ponto de convergência entre os antigos sectores americano e soviético que dividiam Berlim, juntamente com as áreas francesa e britânica, estão meia centena de Trabants estacionados. A ideia é desafiar Carlos Vaz Marques, João Miguel Tavares, Pedro Mexia e Ricardo Araújo Pereira a conduzi-los pelas ruas de Berlim durante duas horas. O Trabi Safari começa com o hino da antiga URSS a sair das colunas de um carro de combate. Carlos não resiste e chama Ricardo para junto da instalação sonora: «Cuidado para que o punho não se comece a levantar, Ricardo.» Os outros riem com a situação, aludindo ao passado de militante comunista do Gato Fedorento. Mais tarde, no lobby do hotel, Ricardo acabaria por explicar esses tempos: «O passado de militância no PCP não tinha que ver com qualquer atracção pelo regime da Alemanha de Leste ou da União Soviética. Antes pelo contrário, era uma militância que se fazia apesar desses regimes.

Ou seja, eu pensava que, apesar de tudo, havia lugar no PCP para uma condenação desse tipo de regime. A certa altura isso pareceu que seria possível, mas infelizmente não foi.» Quatro miúdos crescidos à volta de um brinquedo. Experimentavam as portas, viam os pneus, calcavam o capot, caracterizavam a exiguidade do habitáculo, lançavam achas para a fogueira da luta de classes. No carro da frente seguia Julie, a guia francesa da expedição, acompanhada por um colega da empresa. No Trabant do meio, Carlos Vaz Marques foi designado condutor, acompanhado pela amiga Helena Araújo e pelo redactor da Volta ao Mundo. A fechar o cortejo, também num Trabant verde-tropa, João Miguel Tavares assumiu-se como piloto, com Pedro Mexia e Ricardo Araújo Pereira conservados, como as sardinhas, no banco de trás. No lugar do morto, o fotógrafo da revista. Primeiro desafio: meter a primeira e sair do parque de estacionamento. Ao contrário dos automóveis dos nossos dias, as velocidades dos Trabant são colocadas graças a um manípulo localizado à direita do volante, no tablier. O que parecia difícil, foi-o.

À primeira curva já estava perdido o contacto visual com o carro líder. Fumo por todo o lado, cruza-se o primeiro semáforo e a coisa parece começar a entrar nos eixos. Terceiras que parecem primeiras, quartas que são segundas e chiadeira dos travões marcam o resto da viagem até à primeira paragem, em frente ao Reichstag. No Trabant de trás, João vai demonstrando a sua perícia e não se coíbe de lançar impropérios a Carlos: «Ó emigrante, sai da frente, vai aprender a conduzir». Vaz Marques mantém-se atento à condução, recebendo, via rádio, informações de Julie: «Atenção, desligue o indicador de mudança de direcção.» Num e noutro Trabant com portugueses, há muito mais risos do que lamentos. No veículo dos funcionários da empresa, deve passar-se o oposto. Principalmente quando chegamos a uma das três torres de observação do antigo Muro ainda existentes na parte oriental de Berlim.

Junto ao rio, dois jovens adultos alemães ensaiam estranhamente os acordes do genérico da série animada Abelha Maia. João Miguel Tavares não pode guardar mais o segredo que o atormentava desde os primeiros minutos de condução: «Julie, tenho de informá-la de que parti o pisca-pisca.» E mostra o tubo metálico que servia para indicar a mudança de direcção.

A viagem continua por Berlim, cruzando o bairro trendy de Prentzauer Berg, antigo centro de resistência do tempo da RDA. As mudanças continuam a não entrar com facilidade e os passageiros que vão no banco de trás começam a sentir os efeitos nocivos do fumo que sai do escape. Ou, como diria Pedro Mexia numa das paragens do percurso: «Se não fosse anticomunista, passaria a sê-lo depois de andar num Trabant». Não é a primeira vez do escritor em Berlim, mas é como se fosse: «Passei cá 48 horas e sem guia.

Foram buscar-me ao hotel, levaram-me ao festival de poesia e novamente ao hotel.» O rescaldo da viagem é tranquilo. «Confirmei a impressão que tinha tido na primeira vez – é uma cidade do primeiro mundo, rica, ordenada, muito tranquila, sem ajuntamentos ou engarrafamentos, muito espraiada, com vida de bairro, mas não me causa empatia, aquele lado emocional que me liga a uma cidade.» E quanto ao peso histórico de Berlim, Mexia é acutilante: «É muito pesada a relação que eles têm com a memória histórica. Por um lado pode dizer-se que é inevitável e até pedagógico.»

É o que se sente quando se entra no olho do furacão da Berlim democrática alemã: a Karl Marx Allee, a avenida monumental construída nos anos 1950. Tem dois quilómetros de comprimento e 89 metros de largura e é aí que se localiza a Karl Marx Buchhanlung, a livraria (não está em actividade) que ganha protagonismo na sequência final do filme Das Leben der Anderen (A Vida dos Outros), do realizador alemão Florian Henckel von Donnersmarck.

Os edifícios transportam-nos para a década de 1960 num país para lá da Cortina de Ferro. A arquitectura imponente e fria, o barulho do Trabant ou as fachadas despidas de individualidade marcam a tarde em Berlim. Há tempo ainda para percorrer o passeio junto à maior extensão do Muro ainda de pé e para descobrir, en passant, o edifício Bonjour Tristesse, de Álvaro Siza Vieira, antes de um encontro imediato com uma convenção de homens de negócios europeus e asiáticos engravatados. O Governo Sombra tenta juntar-se ao grupo, mas em vão. É Pedro Mexia que volta a sintetizar a questão: «Não quiseram nada com os PIIGS», referindo-se ao acrónimo de gosto duvidoso escolhido pela comunicação social britânica para caracterizar as conturbadas economias de Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha. As gargalhadas só terminam ao voltar ao espaço apertado do banco de trás do Trabant. Os sorrisos não voltariam a ter direito de antena. Nessa noite, no Café Lisboa, em Berlim, os «ministros» do Governo Sombra e os boys da Volta ao Mundo assistiram ao adeus do SL Benfica à Liga Europa de 2010/11.

Neuköln é o novo bairro da moda. Antes visto como um poiso para as comunidades árabes da cidade, vive hoje um processo de renovação. Passam os anos e modificam-se as áreas de grande procura. Tem que ver com o preço das rendas das casas, explicam-nos. Aqui são baixas, como já o foram no Mitte ou em Prentzauer Berg. É a partir do Yuma Bar, na Reuterstrasse, que o Governo Sombra vai emitir em directo, durante duas horas, para Portugal. A sala está cheia com cinquenta portugueses residentes em Berlim. Aplaudem, riem e bebem mais uma cerveja belga, a especialidade deste bar de que João Freire é co-proprietário. Vive há onze anos na capital alemã e nunca viu tantos portugueses juntos por estas bandas.

No final, os autógrafos, as fotografias e uma saída rápida, quase à francesa, para um restaurante alemão nas proximidades. A emissão foi um sucesso, mas a viagem a Berlim continua por mais dois dias. Será tempo de procurar aquele livro que falta e visitar a Gemäldegalerie, um outro museu berlinense onde se encontra uma das maiores colecções de arte europeia dos séculos xiii a xviii. Dürer, Caravaggio, Rubens, Rembrandt ou Vermeer são alguns nomes que deixam Carlos, João, Pedro e Ricardo rendidos. Isso e o facto de Carlos Vaz Marques ter sido impedido de circular pelo museu com o casaco no braço. «Havias de ver», diz João Miguel Tavares. «Teve de vir deixá-lo no cacifo, ainda roubava um Caravaggio.» Vaz Marques ameniza a situação: «Nada de exageros, são apenas idiossincrasias.» E voltam as gargalhadas, com uma sucessão de piadas e comentários, mais uma vez, impossíveis de reproduzir.

É um Governo Sombra alternativo, o que decorre à mesa do restaurante australiano do Sony Center, na Potsdamerplatz. Sentam-se exactamente como no programa de rádio. Já não são os comentadores, deixaram cair as máscaras de moderador, jornalista, autor ou humorista. São quatro amigos a passar uma semana em Berlim. Vêm mais cervejas, bifes bem passados, taças de gelado e há tempo ainda para fumar meio charuto antes de seguirem para o Museu do Cinema.

Faz calor e é a primeira vez de Carlos Vaz Marques na capital alemã. «Há duas cidades europeias que queria muito conhecer. Uma era Berlim, a outra é Amesterdão.» O jornalista ficou surpreendido com o facto de ser uma cidade «despojada, praticamente sem arranha-céus, muito rasa», gostou do «aspecto friendly» e da aventura no Trabant: «Foi uma experiência inesquecível.» Defende que é a andar que se conhece uma cidade e em Berlim teve oportunidade para exercitar as pernas e a mente.

Na última noite, o grupo dividiu-se pela primeira vez. João, Pedro e Ricardo optaram pelo teatro, uma peça de Tennessee Williams em inglês. Carlos foi a um concerto de música clássica. O radialista é sincero: «Berlim é extraordinariamente agradável nesta altura do ano. E tenho sempre um bichinho que me diz que era capaz de viver aqui.»